2.1.1. Aprendizagem das literacias: o papel dos formadores

O ensino das literacias tem evoluído nos últimos anos devido à inovação tecnológica, levando a alterações nos papéis desempenhado por formadores. A literacia, enquanto capacidade de identificar, compreender, interpretar, criar, comunicar, calcular e utilizar materiais informativos em contextos variados, implica um processo de aprendizagem contínua. Deste modo, a literacia permite aos indivíduos desenvolverem os seus conhecimentos, capacitando-os para alcançarem os seus objetivos, bem como participarem plenamente na comunidade e na sociedade em geral (UNESCO, 2006).

Existem muitas áreas de enfoque no campo das literacias: literacia visual, literacia tecnológica, literacia informática ou literacia da informação, citando apenas algumas (Belshaw, 2011). No entanto, é agora comummente reconhecido que o papel dos formadores em termos de ensino das literacias está a mudar. Tradicionalmente centrado na leitura e na escrita (Barton, 1998), o ensino das literacias não se restringe igualmente à memorização de frases, palavras ou sílabas, mas deve comportar uma “atitude de criação, recriação e autotransformação” (Freire, 1972). Assim, os formadores deixaram ser vistos como “especialistas” e os formandos como recipientes vazios. Os formadores têm vindo crescentemente a assumir outros papéis: investigadores, facilitadores e coaches. Por sua vez, reconhece-se hoje a importância dos conhecimentos e da experiência de vida dos formandos para as suas aprendizagens.

Em 1984, Malcom Knowles, pai da andragogia, afirmou que devem ser aplicados quatro princípios básicos na formação de adultos, extensíveis tanto à aprendizagem da literacia tradicional como das literacias digitais:

 ⮚ É necessário que os adultos sejam envolvidos no planeamento e na avaliação da sua aprendizagem;

 ⮚ A experiência deve ser a base de qualquer atividade de aprendizagem;

 ⮚ Os adultos interessam-se mais em aprender sobre tópicos que tenham relevância imediata na sua vida pessoal;

 ⮚ A formação de adultos deve ser mais centrada em situações específicas e menos em conteúdos gerais (Kearsley, 2010).