3.1.1. Compreender a diversidade das necessidades de aprendizagem

Conhecer e compreender a diversidade das necessidades de aprendizagem dos adultos é fundamental para criar um ambiente de aprendizagem bem-sucedido. E tal aplica-se também à aquisição de competências digitais básicas. Em seguida, abordamos diferentes perfis em termos de necessidades de aprendizagem no campo da aquisição de competências de literacia digital de alguns segmentos da população adulta.

População idosa

Porquê: os mais velhos são muitas vezes mais propensos ao isolamento social e à exclusão digital. Este segmento populacional pode deparar-se com dificuldades na realização de tarefas que requerem competências digitais básicas, na utilização de novos dispositivos digitais ou no preenchimento de formulários online — como serviços públicos e bancos — ou mesmo na comunicação com os seus entes queridos.

O quê: nesse sentido, as necessidades formativas desta população estão relacionadas com a aquisição de competências digitais básicas associadas à comunicação.

Como: Os adultos mais velhos muitas vezes beneficiam dos conhecimentos dos membros mais novos da família com quem podem aprender, enquanto estreitam laços intergeracionais.

Alguns exemplos: Pane e Internet. Citaddini 100% digitali é um projeto italiano que visa apoiar a aquisição de competências digitais por parte da população idosa. Nele podemos conhecer a história de Nonna Paola que, aos 75 anos de idade, aprendeu a usar o seu smartphone, graças ao apoio de Federico, um jovem estudante de Rimini (https://www.paneeinternet.it/public/story-rimini). Por sua vez, o projeto Gameplay for Inspiring Digital Adoption visa ultrapassar a relutância revelada por muitos idosos face à utilização de dispositivos digitais (http://www.girda.eu/).

Imigrantes

Porquê: este grupo é importante pois, a par das competências linguísticas, as competências digitais são importantes para que os imigrantes acedam ao mercado trabalho e facilitam a sua integração no país de acolhimento.   

O quê: as necessidades formativas desta população estão estreitamente relacionadas com aquisição de competências digitais básicas nos campos da pesquisa de informação e da comunicação, bem como para promover a sua integração mais harmoniosa na sociedade de acolhimento.

Como: a língua pode ser uma barreira para este grupo, por isso é necessário integrar a aprendizagem de competências digitais com a aprendizagem de línguas, bem como recorrer a formadores especializados.

Alguns exemplos: o projeto BeuthBonus, financiado pelo governo alemão, como parte do programa Integration through Qualification, contribuiu para ajudar académicos imigrantes a melhorarem a sua situação laboral, designadamente através do reconhecimento das suas competências digitais (https://sites.google.com/site/openbadgesinhighereducation/beuth-university).

Adultos com deficiência

Porquê: as TIC têm potencial para aumentar exponencialmente o acesso a informação e formação, a participação social e cívica e a empregabilidade deste segmento da população adulta.

O quê: as necessidades de aprendizagem desta população situam-se no domínio da aquisição de competências digitais básicas e avançadas de modo a promover a sua participação social e cívica plena, bem como a sua empregabilidade.

Como: é importante que as aquisições no campo das competências digitais por parte destes adultos facilitem a sua integração social e profissional. Para esse efeito, pode ser necessário recorrer ao apoio e orientação de formadores especializados.

Alguns exemplos: no Egito, o Ministério das Comunicações e Tecnologias da Informação promoveu um programa de aprendizagem ao longo da vida com o objetivo de apoiar pessoas com deficiência na procura de emprego, enquanto proporciona formação tanto em competências digitais básicas para a cidadania como em competências digitais avançadas (https://mcit.gov.eg/). No Reino Unido, o programa Discover IT assegura o acesso a computadores e a tecnologias digitais através de 19 centros de TI acessíveis, geridos pela Leonard Cheshire Disability.

Adultos em risco de exclusão social

Porquê: este grupo abrange todos os adultos que ainda não adquiriram competências digitais. Num mundo crescentemente digital, qualquer adulto que não saiba utilizar as TIC está automaticamente em risco de exclusão. 

O quê: as necessidades de aprendizagem desta população são vastas, incluindo a aquisição de competências digitais de literacia da informação, de comunicação e até de criatividade digital, o que promoverá a sua participação social e cívica, bem como a sua empregabilidade.

Como: explorar abordagens de aprendizagem informal no campo da aquisição de competências digitais pode ser um bom ponto de partida para fazer a ponte com modalidades de aprendizagem formais.

Alguns exemplos: existem diversos projetos que visam a aquisição de competências digitais e de TIC por parte de adultos. Em Portugal, a Universidade de Lisboa lidera o projeto Literacia Digital de Adultos (LIDIA), que desenvolve propostas de atividades com tecnologias para formadores e outros técnicos de intervenção social usarem com adultos tipicamente mais excluídos da sociedade da informação, em contextos de formação formal e não formal (http://lidia.ie.ulisboa.pt).