5.1.3. Literacias: um instrumento para a ação no mundo

Paolo Freire compara a leitura de palavras à leitura do mundo (Freire, 2018). Street (2016) enfatiza a importância de fazer coisas no mundo através da leitura e da escrita. Neste sentido, a literacia comporta também a capacidade de agir. É, pois, necessário encorajar os formandos a conceber a literacia, em particular as literacias digitais, como instrumento para a ação e realização no mundo em que vivemos. Esta noção torna as abordagens participativas, defendidas por Freire e outros muito importantes e adequadas. Mais do que nunca, é possível ir além de o que Cope e Kalantzis designaram como “sala de formação limitada” (2019). Segundo Pennycook (2010), a Internet em si é um local onde as pessoas também vivem, trabalham e socializam. É aí também que os indivíduos criam identidades que podem constituir um elemento extremamente importante das suas vidas.

Em conclusão, se quisermos ir além da mera sobrevivência e prosperar neste novo mundo das literacias digitais, como formadores e criadores de experiências de aprendizagem, é necessário:

  • abraçar as multiliteracias e os diversos meios de comunicação;
  • adotar uma abordagem formativa informada quanto à sociolinguística;

fomentar modelos participativos de formação, nos quais a diversidade é concebida, não como um obstáculo, mas como um princípio pedagógico fundamental.